Nas próximas eleições (europeias) vou votar no bloco de esquerda.
Quem me conhece até provavelmente saiba que o bloco de esquerda não é um partido que me agrade. Nem desagrade [a logísta de informação deles, reconheço, é bastante razoável e rápida(1)].
Um partido que não tem por referência personagens históricas, não tem por referência obras importantes publicadas, não tem por referência grandes movimentos, não tem grande tradição, nem sequer tem por referência nenhuma classe social? Ainda por cima junta marxistas, estalinistas, leninistas, maoistas e trotsquistas? Se não conhecesse diria que era peta da 1º de Abril.
Porém sei que a grande maioria dos partidos também não liga muito à ideologia. Para eles o que interessa é "sondagens", "número de votos", "percentagens", "número de deputados", "número de câmaras", etc.
Qualquer ganho do bloco de esquerda será sempre visto pelos partidos do centro como estando a perder votos à esquerda, duma esquerda que poderá incendiar a contestação nas ruas. Coisa que já se sabe que o PC não pode fazer porque não tem muitos militantes capazes de fazer 100m em menos de 10...minutos ou de escrever SMS ou emails (o reumático, o reumático...).
Isso não é verdade, mas é que se vai pensar. E talvez assim roubem menos.
E algum movimento vai haver na rua. Não do BE, mas de muitas pessoas com pouca (se alguma ) ligação política. Ninguém vai dizer "dêem para cá algum, ou não há nada para ninguém..." mas vão pensar.
É um bem conhecido paradoxo lógico. Se colaborarem toda a gente ganha, se se desconfia que o outro lado anda a meter as mãos nos nossos bolsos, mais vale cortar a colaboração o mais rápido possível. O primeiro a cortar é o que perde menos.
E vai haver menos abstencão do que aquilo que muita gente pensa.
(1) A agilidade informativa do BE deriva de ainda não ter criado dinossauros tais que tudo lhes tem de passar pela mão. Vamos ver quanto dura. Espero que dure muito pois é um bom case study.
José Simões
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