Isto da Grécia é pior que uma telenovela. Muito pior que as telenovelas, porque as telenovelas passam a um horário mais ou menos previsível e só vê quem quer.
Pelo contrário a telenovela Grega irrompe nos telejornais e nunca se sabe quando vai acabar e começar as notícias a sério.
Pensavam que isso na Grécia ia ser uma tragédia. Muito pior: é uma telenovela. Mas sendo uma telenovela está a fritar os neurónios que me restam pelo que tenho de escrever isto ou rebento.
Comparável as notícias sobre a Grécia só mesmo o futebol, mas mesmo desse só se nalguns dias, são muitos dias, mas não são todos os dias. E dura, dura, diz que disse, o disse ontem (outra vez), o que disse hoje (e vai voltar amanhã), o que vai dizer amanhã (talvez). E o que talvez tivessem dito hoje, mas não disseram.
E a minha box infelizmente ainda não tem uma função que mude, durante as notícias da negociação da Grécia, e do futebol, para o canal zen.
Claro que o drama grego tem algumas semelhanças com as telenovelas. Toda a gente sabe como vão acabar, desde início, bem antes do início, quando se vê o trailler. Os vilões vão para o degredo e a mocinha casa com o mocinho numa promessa de um rancho de filhos. Foi pelo menos o que me disseram que eu desde a Gabriela nunca mais vi nenhuma.
Por uns instantes até parece que a coisa está a pender para o lado A, não, para o B. No episódio seguinte é B, A, B. E o pessoal a ver os anúncios no intervalo para não perder o que vem a seguir.Pior MESMO pior só a Heidi.
Também na Grécia a coisa vai acabar como...toda a gente sabe. Mas claro, têm de fazer uns rodriguinhos a convencer o pacóvio que não se sabe como vai acabar.
Tal como nas telenovelas, o enredo está escrito desde o início, desde que o Syriza ganhou uma pluralidade de assentos no parlamento nacional. Ou antes, quando as sondagens começaram a dar a vantagem.
Aí os governantes dos partidos do tatcharismo-requentado da Europa, juntamente com os altos funcionários que eles colocaram para as altas instâncias pensaram logo "ora aqui está a nossa oportunidade para por este pessoal que gasta mais do que o que produz" na ordem. E na oportunidade ganhar umas eleiçõeszecas aqui e ali. Não que ainda começa tudo a pedir o fim da austeridade, e (re-)negociações e coisas assim, safa.
Não que dizer que tenham reunido para combinar isso. Não, nada de reuniões dos Bilderberg ou da sociedade das caveiras e do ossos, a reunir à meia-noite, à luz de velas, ao largo da Califórnia. Isso é folclore.
Nem sequer trocaram mensagens, telefonemas, cartas ou emails. Aliás seriam parvos se pusessem qualquer coisa em palavras ditas ou escritas. Hoje em dia nunca se sabe quando está um Assange ou um Snowden atrás da porta escutar.
Mas não era preciso. É como o "code red" de que fala o Tom Cruise. Não é preciso estar escrito, nem ser lido, e toda a gente o conhece.
Ainda há por aí alguns convencidos que o fim não está escrito. Na verdade não sei se isso é mesmo verdade - o que mostraria má capacidade de analisar a situação - ou vontade de enganar, tipo promessas eleitorais.
Quando a coisa descambar de vez, seja pela saída do Grécia do euro, seja pela aceitação de medidas tão impopulares que o Syriza irá implodir e ser contestado nas ruas, vão mais uma vez buscar a retórica fácil do "fascimo". A Alemanha é fascista, os americanos são fascistas, o FMI e "as instituições" são fascistas. A UE é fascista. São TODOS fascistas.
Esse tipo de análise tem estória. Praga em 68 era uma cambada de fascistas com a Hungria em 56. Os Ingleses são fascistas, os franceses são fascistas, a Holanda a Bélgica e o Luxemburgo, ui, isso nem se fala. Bem na Ucrânia então são MESMO fascistas.
Esse tipo de análise não tem consistência e, o que é pior, branqueia o fascismo. Na realidade ficamos pensar onde é que esta gente imagina que há democracia. Ou houve. Ou vai haver. Se calhar é na...
E os "fascistas" verifica-se afinal, seguem regras de poder bem definidas à partida e que toda a gente conhece muito bem à muito tempo. Mas aparentemente alguns só descobrem, ou vão descobrir, que são fascistas quando não têm mais nenhum argumento.
Bem nalgumas análises ainda não se usa o termo fascismo. Usa-se "a caminhar para o fascismo", "fascistoide" "cripto-fascismo", mas a ideia é a mesma, e o escapismo não esconde muito.
E se um dia, bate na parede, o fascismo vier, bem, ninguém vai prestar atenção aos sinais.
Também há por aí quem tenha chegado à conclusão que o melhor que a Grécia, e a seguir Portugal, tem a fazer é abandonar o euro e depois a UE a logo a NATO. Depois só têm de construir uma sociedade mais justa com o dinheiro que os BRICS lhe vão emprestar. Os amanhãs cantam.
E depois quando isso não acontecer vai ficar um exemplo de "olha o que vos vai acontecer se...". Nada de novo. Já aconteceu algo muito parecido, já eu andava por cá.
Não, não me vejam com o que "quem não tenta está derrotado à partida". Quem está derrotado à partida é quem não tem capacidade de ver quais as lutas que podem ser ganhas e quais são de evitar. OU quem sabendo isso, finque que não é nada assim. Também nessa a história devia ter ensinado qualquer coisa.
Vai o Euro, a União Europeia, acabar? Talvez, mas a sua sentença de morte será mais provavelmente ditado pelos populistas no Reino Unido do que pela Grécia. E pelos banksters do Luxemburgo.
Para Portugal vai ser pior? Sim, mas talvez não muito. Os juros vão subir, mas talvez não muito, afinal ninguém quer ver em Portugal uma segunda Grécia. O vacina funciona pelos 2 lados. Mas gostava de estar mais certo do que digo. As avalanches têm uma dinâmica própria, muito difícil de prever, e Portugal é um elo fraco.
Antes que me esqueça: a dívida contraída pelos governos democráticamente eleitos é odiosa. A proveniente das acções do regime alemão nazi, na segunda guerra mundial, não.
Prontos. Grécia. Stop.
sinais com staccato de informação ininterrupta
Combata o spam, por favor, não publique o email acima
--EM VEZ DISSO publique um link para este blog i.e.
http://lasers-na-selva.blogspot.com
2015-06-26
2015-06-25
Acordos ortográficos
Bem, sinto-me da obrigação de dizer qualquer coisa sobre o tão falado acordo ortográfico.
Pois a minha opinião é que... não tenho opinião.
Oiço os argumentos A e concordo. Depois oiço os argumentos B e concordo. E oiço os argumentos B a desmentirem os argumentos A, com que tinha concordado e concordo, isto é, discordo daquilo com que tinha concordado. Ad infinitum.
Depois olho para os curriculuns (curriculums, curricula? porque não tem acento no i?) de alguns dos arguentes e... desisto.
Na verdade não me sinto com formação nem experiência para julgar o peso relativo dos diversos argumentos. Provavelmente muitos dos que argumentam A ou B também não, mas isso é irrelevante.
Sejamos claros, o uso do nosso acordo vai criar sobre mim um excesso de trabalho considerável, já habituado a lutar contra os erros de ortografia na convenção agora em vias de cessar , o futuro não é brilhante. Felizmente escrever não é uma parte importante da minha vida. Mais importante uma escrita linguisticamente brilhante nunca foi um objectivo meu, nem remotamente, nem por aproximação, como quase toda a gente que me conhece sabe (nalguns casos sofre ou sofreu -- pessoal que me ajudou a escrever a tese, ainda não esqueci).
Relato aqui um diálogo muito antigo com uma simpática e atraente professora na aliançe française circa 1987 (que será feito dela?) O diálogo foi em francês, espécie de, mas eu traduzo,"Ó Zé tu até escreves bem, mas dás tantos erros ortográficos..." "Ó professora, com tantos erros que eu dou em português, se não os desses em francês era falta de patriotismo". Note-se que o "até escreves bem" era apenas um reflexo com alguma familiaridade com a língua, que as minhas estadas frequentes e prolongadas em Paris me tinha facultado nessa década, e um pouco antes, e que a docente benevolente apreciava intuitivamente, Nada que passasse uma análise fria dos méritos. Não que na circunstância eu estivesse interessado numa análise fria de méritos.
Não deixo de ver uma vitória económica e política do Brasil, mas a vida é a vida, há coisas piores.
Penso que parece que vou ter que me adaptar, não vejo outra alternativa. No entanto para não correr o risco de fazer uma asneira da grosso vou esperar um meses. Posso dar-me a esse luxo.
Até que o "diário da república" e o "diário da assembleia da república" do Brasil (ou lá como como é que eles são chamadas no local) venham escritos segundo o novo acordo. Isso deve acontecer em Janeiro de 2016, posso esperar. Nessa altura o novo AO será oficial para uns 90% dos falante, para mim chega. Mas não vá acontecer como em 1945 em que o governo brasileiro aprovou o acordo, mas ele nunca entrou me vigor, tendo Portugal feito um acordo com...consigo próprio apenas (Portugal e Brasil eram na altura os únicos países com maioria a falar português). Cuidados e caldos de galinha.
Será uma altura de eu repensar o meu sistema de correcção ortográfica e talvez mudar o meu browser de referência. Janeiro já está muito cheio. Marquei condicionalmente para Fevereiro de 2016. Transição até ao fim de Março.
Um corrector ortográfico que compreendesse a minha eventual ortografia antiga, mesmo que gralhada, e desse como primeira opção a ortografia apropriada da mesma palavra. Será que isso existe?
Links:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_Ortogr%C3%A1fico_de_1945 (consultado em 2015-05-14)
.
Pois a minha opinião é que... não tenho opinião.
Oiço os argumentos A e concordo. Depois oiço os argumentos B e concordo. E oiço os argumentos B a desmentirem os argumentos A, com que tinha concordado e concordo, isto é, discordo daquilo com que tinha concordado. Ad infinitum.
Depois olho para os curriculuns (curriculums, curricula? porque não tem acento no i?) de alguns dos arguentes e... desisto.
Na verdade não me sinto com formação nem experiência para julgar o peso relativo dos diversos argumentos. Provavelmente muitos dos que argumentam A ou B também não, mas isso é irrelevante.
Sejamos claros, o uso do nosso acordo vai criar sobre mim um excesso de trabalho considerável, já habituado a lutar contra os erros de ortografia na convenção agora em vias de cessar , o futuro não é brilhante. Felizmente escrever não é uma parte importante da minha vida. Mais importante uma escrita linguisticamente brilhante nunca foi um objectivo meu, nem remotamente, nem por aproximação, como quase toda a gente que me conhece sabe (nalguns casos sofre ou sofreu -- pessoal que me ajudou a escrever a tese, ainda não esqueci).
Relato aqui um diálogo muito antigo com uma simpática e atraente professora na aliançe française circa 1987 (que será feito dela?) O diálogo foi em francês, espécie de, mas eu traduzo,"Ó Zé tu até escreves bem, mas dás tantos erros ortográficos..." "Ó professora, com tantos erros que eu dou em português, se não os desses em francês era falta de patriotismo". Note-se que o "até escreves bem" era apenas um reflexo com alguma familiaridade com a língua, que as minhas estadas frequentes e prolongadas em Paris me tinha facultado nessa década, e um pouco antes, e que a docente benevolente apreciava intuitivamente, Nada que passasse uma análise fria dos méritos. Não que na circunstância eu estivesse interessado numa análise fria de méritos.
Não deixo de ver uma vitória económica e política do Brasil, mas a vida é a vida, há coisas piores.
Penso que parece que vou ter que me adaptar, não vejo outra alternativa. No entanto para não correr o risco de fazer uma asneira da grosso vou esperar um meses. Posso dar-me a esse luxo.
Até que o "diário da república" e o "diário da assembleia da república" do Brasil (ou lá como como é que eles são chamadas no local) venham escritos segundo o novo acordo. Isso deve acontecer em Janeiro de 2016, posso esperar. Nessa altura o novo AO será oficial para uns 90% dos falante, para mim chega. Mas não vá acontecer como em 1945 em que o governo brasileiro aprovou o acordo, mas ele nunca entrou me vigor, tendo Portugal feito um acordo com...consigo próprio apenas (Portugal e Brasil eram na altura os únicos países com maioria a falar português). Cuidados e caldos de galinha.
Será uma altura de eu repensar o meu sistema de correcção ortográfica e talvez mudar o meu browser de referência. Janeiro já está muito cheio. Marquei condicionalmente para Fevereiro de 2016. Transição até ao fim de Março.
Um corrector ortográfico que compreendesse a minha eventual ortografia antiga, mesmo que gralhada, e desse como primeira opção a ortografia apropriada da mesma palavra. Será que isso existe?
Links:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_Ortogr%C3%A1fico_de_1945 (consultado em 2015-05-14)
.
Subscrever:
Mensagens (Atom)