2015-06-25

Acordos ortográficos

Bem, sinto-me da obrigação de dizer qualquer coisa sobre o tão falado acordo ortográfico.

Pois a minha opinião é que... não tenho opinião.

Oiço os argumentos A e concordo. Depois oiço os argumentos B e concordo. E oiço os argumentos B a desmentirem os argumentos A, com que tinha concordado e concordo, isto é, discordo daquilo com que tinha concordado. Ad infinitum.

Depois olho para os curriculuns (curriculums, curricula? porque não tem acento no i?) de alguns dos arguentes e... desisto.

Na verdade não me sinto com formação nem experiência para julgar o peso relativo dos diversos argumentos. Provavelmente muitos dos que argumentam A ou B também não, mas isso é irrelevante.

Sejamos claros, o uso do nosso acordo vai criar sobre mim um excesso de trabalho considerável, já habituado a lutar contra os erros de ortografia na convenção agora em vias de cessar , o futuro não é brilhante. Felizmente escrever não é uma parte importante da minha vida. Mais importante uma escrita linguisticamente brilhante nunca foi um objectivo meu, nem remotamente, nem por aproximação, como quase toda a gente que me conhece sabe (nalguns casos sofre ou sofreu -- pessoal que me ajudou a escrever a tese, ainda não esqueci).

Relato aqui um diálogo muito antigo com uma simpática e atraente professora na aliançe française circa 1987 (que será feito dela?) O diálogo foi em francês, espécie de, mas eu traduzo,"Ó Zé tu até escreves bem, mas dás tantos erros ortográficos..." "Ó professora, com tantos erros que eu dou em português, se não os desses em francês era falta de patriotismo".  Note-se que o "até escreves bem" era apenas um reflexo com alguma familiaridade com a língua, que as minhas estadas frequentes e prolongadas em Paris me tinha facultado nessa década, e um pouco antes, e que a docente benevolente apreciava intuitivamente, Nada que passasse uma análise fria dos méritos. Não que na circunstância eu estivesse interessado numa análise fria de méritos.

Não deixo de ver uma vitória económica e política do Brasil, mas a vida é a vida, há coisas piores.

Penso que parece que vou ter que me adaptar, não vejo outra alternativa. No entanto para não correr o risco de fazer uma asneira da grosso vou esperar um meses. Posso dar-me a esse luxo.

Até que o "diário da república" e o "diário da assembleia da república" do Brasil (ou lá como como é que eles são chamadas no local) venham escritos segundo o novo acordo. Isso deve acontecer em Janeiro de 2016, posso esperar. Nessa altura o novo AO será oficial para uns 90% dos falante, para mim chega. Mas não vá acontecer como em 1945 em que o governo brasileiro aprovou o acordo, mas ele nunca entrou me vigor, tendo Portugal feito um acordo com...consigo próprio apenas (Portugal e Brasil eram na altura os únicos países com maioria a falar português). Cuidados e caldos de galinha.

Será uma altura de eu repensar o meu sistema de correcção ortográfica e talvez mudar o meu browser de referência. Janeiro já está muito cheio. Marquei condicionalmente para Fevereiro de 2016. Transição até ao fim de Março.

Um corrector ortográfico que compreendesse a minha eventual ortografia antiga, mesmo que gralhada, e desse como primeira opção a ortografia apropriada da mesma palavra. Será que isso existe?

Links:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_Ortogr%C3%A1fico_de_1945 (consultado em 2015-05-14)

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