2015-01-06

sobre o ISIS - Parte 3 (incertezas)

Dito o que foi dito restam algumas incertezas. Não que tenham muito  a ver com o ISIS, mas têm alguma coisa a ver com o ISIS.

O principal, se bem que muito hipotético, perigo para o status-quo no que se designa por médio oriente (o termo em si faz muito pouco sentido, mas pegou e o uso legitimou) será uma crise de sucessão na Arábia Saudita.

O processo de ascensão a chefe de governo é um processo obscuro e implica muitos jogos de poder dentro da classe dominante e, como todos os processos semelhantes, a luta pelo poder pode levar a desenvolvimentos muito sórdidos.

Não é inimaginável que alguma facção descubra que está em desvantagem para chegar ao poder, e resolva jogar cinicamente a carta do populismo radical islâmico para equilibrar as cartas. Alianças "com o demónio" para atingir ou manter o poder é uma coisa bem documentada historicamente.

Não que a actual família reinante não configure radicalismos islâmico. Mas não é populista.

Um golpe de estado palaciano populista poderia lançar as populações, que não conhecem muito mais que o alcorão, e que se sente oprimida por uma monarquia absolutista (apesar de viverem comparativamente bem, cortesia dos petrodólares) e que sente que a adesão dos governantes a religião é fundamentalmente circunstancial (e têm razão).

Alguma ajuda poderá mesmo vir dos emigrantes legais, que vivem muita situação quase sempre ao nível de escravatura, mas são muitos e deles depende o funcionamento da sociedade saudita. Os emigrantes vivem bem controlados, graça a uma polícia com poucos escrúpulos. Mas e se esse controlo falhar, mesmo que sejam umas horas? Ao contrário da população em geral  esses têm realmente razão de queixa e odeiam a família reinante, e na maioria nem sequer receberam, nem perto, os vencimentos que lhes foram prometidos.

Nesse cenário o ISIS pode ter algum envolvimento, e ganho, no terreno. Porém penso que uma ala mais tradicional no reino, apoiada pelos emiratos e pelos EUA terão a última palavra.

Também há um perigo de uma atentado terrorista em larga escala aos Estados Unidos ou à Europa. Não estou a falar de uma coisa como o 11 de Setembro.

O 11 de Setembro foi uma brincadeira de crianças. No ataque morreram um pouco menos que 3000 pessoas. É preciso por isso em respectiva. Provavelmente os acidentes de viação de quem ficou com medo de andar de avião mataram mais gente. Talvez 3000 emigrantes clandestinos morram todos os anos a tentar chegar a Itália, só conto os que tentam chegar a Itália e só durante uma ano, O mais recente surto de ébola  já deve ter matado 10000 pessoas nos últimos 9 meses.

Estou a falar de coisas que causem o pânico global, justificado ou não, em largos grupos populacionais, com grande queda económica, extensiva perda de valor de propriedades, crash na bolsa.

Estou a falar em rebentar com a barragem de Grand Coulee (47.95689, -118.97822) ou espalhar Estrôncio-90 sobre Manhattan (quando se dispõe de mão de obra descartável, mas MESMO descartável, abrem-se um enorme leque de possibilidades técnicas).

Esses cenários são altamente improváveis, mas não de todo impossíveis.

De qualquer maneira esse tipo de atentados terá muito pouco a ver com o ISIS. Se não for o ISIS será a Al Qaeda ou a Frente Popular da Judia.

Mais provável é uma ataque nuclear por misseis da Coreia do Norte a Tóquio, e isso não terá mesmo nada a ver com o ISIS. Penso ter lido algures que a frase "que possas viver em tempos interessantes" é uma espécie de maldição.

Links

https://www.schneier.com/blog/archives/2006/06/movieplot_threa_1.html (visitado em 2015-01-06)

https://en.wikipedia.org/wiki/Radioisotope_thermoelectric_generator (visitado em 2015-01-06)

https://en.wikipedia.org/wiki/Beta-M (visitado em 2015-01-06)

https://en.wikipedia.org/wiki/May_you_live_in_interesting_times (visitado em 2015-01-06)

https://www.youtube.com/watch?v=gb_qHP7VaZE  (visitado em 2015-01-06)


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