O que é que o referendo à constituição europeia tem a ver com os exames no ensino secundário? Mais do que seria de esperar.
Agora que, obviamente, para o bem ou para o mal, o referendo à constituição está morto e enterrado, é uma asneira insistir em não deixar de fazer o referendo e pensar que os resultados obtidos serão os mesmos, ou pelo menos comparáveis, do que se fosse um referendo “a sério”. Portanto os resultados serão inúteis e eternamente contestados porque quem não gostar dos resultados. Duplamente inútil, portanto, mas caro.
Isto faz-me lembrar os exame de aferição pois, apesar de irem abolir (ou continuar a abolir, não sei bem) os exames do 4º e 6º, os alunos, ou melhor, alguns alunos, iriam fazer esses exames, apenas para fins de comparação e aferição.
Mas alguém no seu perfeito juízo pensa que os resultados serão os mesmos, ou de algum modo comparáveis, num exame que permite ao alunos passar para o ano seguinte, ou num exame apenas para aferição.
E aparentemente os exames de aferição, feitos no passado, nem sequer eram assinados. Gostava de ter tido o prazer(?) de ver esses exames, pois certamente iriam enriquecer o meu vocabulário.
Na verdade seguem apenas a lógica, que já vem da psicologia por objectivos, de que tudo tem de ser avaliado, de modo imediato e quantificável, e que qualquer avaliação, por mais estapafúrdia e manipulável que seja, é melhor que nada. E claro é bom usar avaliações que não criem chatices, como seria o caso se os alunos passassem de ano apenas com o resultado da prova melhor que 9,5.
Mas, claro, os avaliadores nunca gostam de avaliar a avaliação. E neste caso era bem simples. Faziam dois enunciados de exames, o enunciado A e o B, de dificuldade semelhante. O primeiro era dado a alguns alunos e escolas, escolhidos aleatoriamente e não assinados.
O enunciado B era dados apenas aos alunos voluntários, seriam assinados, e seriam devolvidos aos autores, depois de corrigidos. A diferença de classificação média entre as provas A e B seria uma avaliação da avaliação.
Um avaliação sem sentido? Claro, mas não se partiu da ideia que qualquer avaliação é melhor do que nenhuma avaliação?
Nos anos seguintes podíamos mesmo abolir a prova A e dizer, estou certo, que os nossos alunos, e logo os nossos professores, são os melhores do mundo, e nem estou a pedir para ser pago por esta brilhante ideia.
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